Os humanos têm corpos, máquinas ainda não...
Facebook - resolveu usar IA pra potencializar a formação de grupos
- Influenciou eleições no mundo todo
- Iniciativa nobre e inovadora
Primeiramente, gostaria de ressaltar aqui que Yuval Noah Harari consegue, repetidas vezes, acertar em cheio os dilemas atuais humanos. Em seu livro, "Sapiens - Uma Breve História da Humanindade", que não é o tema deste post (mas que é uma ótima leitura), Harari magistralmente descreve o ser humano, a ponto que esse seria o livro introdutório para qualquer civilização alienígena conseguir compreender a espécie humana, restaria apenas aprender a ler nossa escrita.
Mas agora falaremos sobre 5º Capítulo de seu outro livro (21 Lições para o Século 21), intitulado "Os Humanos têm Corpos". Apesar de curto, essa sessão do livro trata sobre uma questão que, talvez agora com o isolamento compulsório devido ao COVID-19, esteja começando a ser endereçada. Trata-se de uma discussão sobre o abismo existente entre o mundo online e offline e a ineficácia das grandes empresas de conectar o corpo humano aos seus serviços online.
Para mim, foi impressionante perceber a semelhança do meu pensamento com o do autor, cada questão trazida pelo livro gerava perguntas na minha cabeça, e, para a minha surpresa, poucas linhas depois encontrava nas palavras de Yuval as mesmas reflexões que eu havia arquitetado, como se o conteúdo do parágrafo seguinte fosse uma cópia dos meus pensamentos. O texto inicia relatando o projeto de Mark Zuckerberg de tornar o Facebook uma ferramenta social poderosíssima de reconstrução de conexões humanas, e de criar uma Inteligência Artificial capaz de potencializar o "match making" de comunidades. Infelizmente, assim com o Esperanto uma comunidade criada a partir de uma conexão tão simplória como um grupo de Facebook para compartilhar fotos de focas todo o dia às 00h, está fadada a não se perpetuar muito.
Harari diz no texto, é uma iniciativa nobre, mas me sinto obrigado a não utilizar esse adjetivo por questões morais, então denomino-a de iniciativa promissora. Fazer uso da IA, que já tem se mostrado extremamente eficaz em outras áreas, para resolver questões sociais parece ser o próximo passo da humanidade, uma pena que esse primeiro teste tenha dado tão errado... Mas todo processo inclui falhas, e o que aconteceu com o escândalo da Cambridge Analytica não impossibilita que essa iniciativa tome um rumo mais benéfico no futuro.
Como o próprio autor ressalta, a falta de integração que essas tecnologias de comunicação têm com o mundo offline se traduz como um abismo que impossibilita sua permanência na nossa vida. Num mundo cada vez mais automatizado e introspectivo, criticar o desgaste das interações sociais e tentar reconciliar os laços humanos com a tecnologia que ocasionou esse distanciamento, sem rever questões base, é no mínimo irônico. O alvo não deve ser o mundo online, e sim a vida real. Os exemplos citados por Harari, como o Google Glass (que considero parte das primeiras experiências transhumanas de grande empresa), são o caminho que deveriam ser seguidos pelo Facebook. Por que não transformar a plataforma naquilo que seu nome diz ser, um livro de rosto. Alou, Tio Zuckerberg, olha a oportunidade ai!
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